Metamorphosis - para encontrar casulos perdidos. Senac Scipião. São Paulo. SP. 2023.
"Quando tirei os olhos e coloquei-os em cima da mesa eles já não enxergavam o que o tempo fez com o resto do corpo. Os riscos da mão não são estáticos, tão pouco o futuro e suas clarividências. Onde foi que deixei o meu casulo de ontem? A porta de entrada da casa já não abre com o mesmo tônus de quando foi reformada. Quanto viveu a última árvore que usei em forma de lápis nessas obras?
As ilustrações aqui expostas estão assinadas com o convite de ser substrato para a construção de um casulo. Habitá-lo, largá-lo e reconstruí-lo, pois o corpo passado, já se transformou. “Todo dia ele faz tudo sempre igual” - a metamorfose como metáfora cotidiana - mas, olhe mais de perto, não é também pela rotina que podemos nos transfigurar? A observação formal de um desenho ou pintura pode revelar muito mais que o seu próprio processo de feitura. Note que esse texto também é um casulo, desde quando começou a ler até o seu final algo já se modificou. Cada obra enxergará o corpo presente do expectador mudar ao longo desse corredor. A metamorfose jamais é estática e as obras também não, em cada olhar do espectador ela terá significados, repertórios e sensações diferentes".
Victor Grizzo